A economia do Brasil é a 10ª maior economia do mundo atual, sendo classificada como emergente. Seu processo de formação aconteceu em concomitância com o desenvolvimento territorial do Brasil, ando por um conjunto de ciclos econômicos que se estenderam desde o século XVI, com o Ciclo do Pau-Brasil, até o século XX, com o Ciclo da Borracha e com o Ciclo do café. A industrialização brasileira ganhou força justamente a partir do declínio do ciclo cafeeiro, expandindo-se e ganhando novos setores a partir da década de 1950.
Desde então, a economia do Brasil foi marcada por momentos de profunda crise econômica, por planos de recuperação e por um processo de abertura e de internacionalização produtiva. Nesse ínterim, as commodities agrícolas assumiram o protagonismo da economia brasileira tanto na produção quanto no comércio internacional. A agropecuária, hoje liderada pelo cultivo da soja, tem sido a principal responsável pelo crescimento econômico recente do Brasil e pela manutenção da balança comercial positiva.
Leia também: Qual é o PIB do Brasil?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre economia do Brasil
- 2 - Economia do Brasil hoje
- 3 - PIB e a economia do Brasil
- 4 - História da economia do Brasil
- 5 - Planos econômicos do Brasil
- 6 - Ranking da economia do Brasil
- 7 - Exercícios resolvidos sobre economia do Brasil
Resumo sobre economia do Brasil
- A economia do Brasil é a 10ª maior do mundo atualmente.
- O país atingiu PIB de 11 trilhões de reais, com crescimento de 3,5% em 2024.
- São Paulo é o estado com o maior PIB do país, superando 2 trilhões. O menor PIB estadual é o de Roraima.
- As atividades agropecuárias são as responsáveis pelo crescimento da economia nacional nos últimos anos, destacando-se a produção e a exportação de soja.
- Em se tratando de exportação, a China é o principal destino da produção brasileira. O país asiático também lidera as importações feitas pelo Brasil.
- O saldo comercial brasileiro tem se mantido positivo, o que significa que a sua balança comercial é superavitária.
- A construção civil e as indústrias petroquímica, metalúrgica, siderúrgica e automobilística representam importantes segmentos do setor secundário do país.
- O setor terciário, com o comércio e os serviços, responde pela maior parcela do PIB e emprega a maior parte da mão de obra do Brasil.
- A economia do Brasil começou a se desenvolver ainda no seu período colonial, sendo compreendida a partir da ocorrência de diferentes ciclos.
- Os principais ciclos econômicos que caracterizam a história da economia brasileira são:
- Ciclo do Pau-Brasil;
- Ciclo do Açúcar;
- Ciclo do Ouro;
- Ciclo do Café;
- Ciclo da Borracha.
- A industrialização do Brasil foi um processo tardio, que começou um século depois da Primeira Revolução Industrial.
- Havia manufaturas no país no século XIX, mas a expansão da indústria brasileira aconteceu após o fim do Ciclo do Café na década de 1930.
- A partir da década de 1950, aconteceu a entrada de capitais estrangeiros no país com a instalação da indústria automobilística, resultando na ampliação do parque industrial brasileiro.
- A história da economia brasileira ficou marcada, também, pelo milagre econômico (1968-1973) e pela década perdida (1980), que foi seguida de vários planos econômicos, como o Plano Real (1994).
Economia do Brasil hoje
![Colheitadeiras em um campo de agricultura, o grande destaque da economia do Brasil. [imagem_principal]](https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fs2.static.brasilescola-uol-br.esdiario.info%2Fbe%2F2025%2F06%2Feconomia-brasil.jpg)
A economia do Brasil hoje é a 10ª maior do mundo. Por essa razão, o país figura no grupo de principais economias emergentes que constituem o grupo dos Brics. Como veremos adiante na história da economia do Brasil, o país assumiu um importante papel de exportador de commodities para o mundo. Esse tipo de produto foi o que proporcionou a sua maior inserção internacional a partir do final do século XX, principalmente, e o estabelecimento de acordos bilaterais e de parcerias estratégicas com países como a China, a segunda maior economia do mundo e o maior parceiro comercial do Brasil desde 2015. Incluindo a China, confira a seguir os 10 principais destinos das exportações brasileiras:
Países que mais importam mercadorias do Brasil |
|
China |
Singapura |
Estados Unidos |
México |
Argentina |
Chile |
Países Baixos |
Canadá |
Espanha |
Alemanha |
Como adiantamos, as exportações brasileiras atuais são formadas essencialmente por matérias-primas e/ou por produtos agrícolas. A lista de produtos exportados pelo Brasil no ano de 2024 tem como cinco principais itens os seguintes:
- petróleo, minerais betuminosos e óleos derivados;
- soja;
- minério de ferro;
- açúcar;
- café.
No sentido contrário, o Brasil realiza a importação de produtos industrializados como automóveis de ageiros e turborreatores, além de petróleo, de óleos de petróleo, de minerais betuminosos, de circuitos integrados e de partes de veículos. É importante reforçar que a maioria dos produtos que são adquiridos pelo Brasil do exterior são também produzidos nacionalmente, desde os óleos derivados do petróleo até as peças automotivas. Os países que são responsáveis pela destinação desses produtos ao território brasileiro são:
Países que mais exportam mercadorias para o Brasil |
|
China |
Índia |
Estados Unidos |
Itália |
Alemanha |
França |
Argentina |
México |
Rússia |
Japão |
Nos últimos anos, o Brasil tem conseguido manter uma balança comercial superavitária, ou positiva. Isso significa que o valor exportado em mercadorias supera o valor que é importado. Apesar de benéfico para o crescimento econômico do país, é importante reforçar a dependência criada com as mercadorias de origem primária, sobretudo as commodities agrícolas, a exemplo da soja. Esse é o carro-chefe da produção agrícola do Brasil, sendo a oleaginosa produzida principalmente nos estados da região Centro-Oeste, em parte da região Norte e da região Nordeste, destacando-se a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), e também da região Sul.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimam uma safra 2024/25 de quase 333 milhões de toneladas de grãos, dos quais aproximadamente a metade, ou 168,3 milhões de toneladas, corresponde à soja. Considerando as exportações de soja em 2024, que foram de 98 milhões de toneladas, é possível afirmar que quase 60% da soja brasileira deve ser exportada.
A produção de soja e de outros grãos no território brasileiro é feita através de tecnologias modernas incorporadas no modelo do agronegócio. Recentemente, esse setor tem sido o principal responsável pelo crescimento da economia brasileira, como aconteceu no primeiro trimestre de 2025, em que o agronegócio cresceu mais de 12%, enquanto os demais setores registraram menos de 0,3% de variação positiva. Mesmo durante períodos de crise na história recente do Brasil, como aconteceu durante a pandemia de covid-19, a atividade agropecuária foi a principal responsável pela manutenção da economia nacional.
Para além da soja, é importante mencionar o rebanho bovino brasileiro e as exportações de carne, de couros e de derivados. Cabe reforçar, entretanto, que a atividade agropecuária abastece principalmente o mercado externo, como vimos anteriormente. A demanda doméstica, sobretudo por alimentos, é atendida pela agricultura familiar e pela agricultura tradicional em sua maioria, ainda mais quando consideramos os circuitos inferiores da economia, composto por estabelecimentos locais e regionais.
A indústria brasileira tem íntima relação com as atividades do setor primário. Além, é claro, da agricultura e da pecuária, a indústria nacional está atrelada à extração de minério de ferro e de manganês e à obtenção de petróleo, principalmente, e de gás natural. O setor petroquímico é o que mais se destaca, sendo ele seguido do setor automobilístico, do setor de alimentos e de bebidas, do setor têxtil e do setor tecnológico, com grande concentração de atividades nos estados da região Sudeste, na Bahia, sobretudo em Camaçari, e também em Manaus, no estado do Amazonas.
A construção civil é um dos segmentos de maior importância da indústria brasileira, respondendo por 13,8% de toda a arrecadação do setor secundário do país. Aliado a ele, estão atividades que pertencem ao setor terciário da economia, o qual, em termos de contribuição para o Produto Interno Bruto (PIB), segue como sendo o setor dominante, como veremos adiante. Nele se destacam o setor público junto do comércio e também do turismo. No ano de 2024, o turismo nacional gerou R$ 207 bilhões para a economia do Brasil, apresentando crescimento exponencial desde o fim da pandemia no ano de 2022.
Não obstante a predominância do agronegócio no desenvolvimento econômico brasileiro, quando analisamos a alocação da força de trabalho, é o segmento de serviços que concentra a maior parcela dos trabalhadores. Na indústria, o ramo alimentício é aquele que detém quase um quarto da mão de obra da indústria brasileira, seguido da área de vestuário e de fabricação de produtos de metal. Ainda assim, o desemprego no país atinge 7% da população acima de 14 anos. Destaca-se, ainda, que mais de 3 milhões de pessoas no Brasil hoje não estão empregadas e desistiram de procurar trabalho, sendo eles denominados desalentados.
PIB e a economia do Brasil
O Produto Interno Bruto (PIB) é um dos principais reflexos da economia de um país quando observamos sua produção interna e seu crescimento econômico em um determinado intervalo de tempo. O PIB do Brasil, como antecipamos, o posiciona atualmente na 10ª colocação entre as maiores economias do mundo, sendo o seu valor de R$ 11,7 trilhões para o ano de 2024.
Considerando os últimos doze meses, o PIB brasileiro obteve crescimento de 3,5%, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No período mais recente, levando em conta apenas os três primeiros meses de 2025, o aumento desse indicador foi de 1,4%, liderado pela agropecuária. Assim, no primeiro trimestre do ano, o PIB do Brasil já acumulava R$ 3 trilhões. Isso significa que todos os bens e os serviços que foram produzidos no país durante os meses de janeiro, de fevereiro e de março de 2025 somaram esse montante. O governo brasileiro estima que, até o final do ano, o crescimento do PIB do Brasil será da ordem de 2,4%.
Uma parcela de 14,2% do PIB do Brasil é proveniente de valor adicionado aos preços básicos, à istração pública, às despesas das famílias, aos impostos sobre produtos e às outras atividades inerentes ao funcionamento do Estado e da economia como um todo. A parcela restante é proveniente das atividades setoriais, que contribuem para o seu valor da seguinte forma:
- Agropecuária: 7,7%;
- Indústria: 19,5%;
- Comércio e serviços: 58,5%. |1|
O gráfico da imagem a seguir, produzido pelo IBGE, mostra como aconteceu a evolução do PIB do Brasil nos últimos 30 anos, considerando dados trimestrais:

O PIB per capita é outro importante indicador econômico que apresentou crescimento expressivo no Brasil. Seu valor saltou de R$ 42.893,72 no ano de 2021 para R$ 47.802,02 em 2022, sendo esse o dado mais recente fornecido pelo IBGE. |2|
História da economia do Brasil

A história da economia do Brasil é, ela própria, a história da formação do território nacional. O desenvolvimento de uma economia nos moldes da fase comercial do capitalismo foi implementada com a chegada dos colonizadores portugueses no século XVI. Com isso, teve início a exploração dos recursos naturais do território brasileiro para a comercialização com a então Metrópole, Portugal, em um sistema produtivo que foi denominado de mercantilismo.
Do Brasil Colônia até a Primeira República, o processo de desenvolvimento da economia do Brasil foi dividido em diferentes ciclos econômicos na análise do economista Celso Furtado, os quais foram determinados a partir do produto em evidência nas diferentes fases da história econômica do país. A seguir, vamos conhecer brevemente cada um deles.
→ Ciclos econômicos do Brasil
Ciclo econômico |
Principais aspectos |
Esse foi o primeiro ciclo econômico desenvolvido no país, instalado durante o período pré-colonial (entre 1503 e 1530). A madeira do pau-brasil, de coloração avermelhada, era usada para a extração de uma resina empregada no tingimento de tecidos na Europa, além da fabricação de móveis. Sua exploração intensiva no início do século XVI, não somente pelos portugueses, mas, também, por outras expedições europeias que aportaram no litoral brasileiro, ocasionou a escassez dessa árvore presente no bioma Mata Atlântica, levando-a quase à extinção. |
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Desenvolveu-se quando a exploração do pau-brasil já não oferecia lucros, uma vez que a árvore havia se tornado escassa. Além disso, o Ciclo do Açúcar marca o estabelecimento de uma colônia portuguesa no Brasil. Esse ciclo econômico começou na década de 1530, com a introdução da cana-de-açúcar no país e com a formação dos primeiros engenhos. Foi caracterizado pelo uso de mão de obra escrava, inicialmente indígena e posteriormente africana, e pelo envio da maior parte da produção para a Europa. Seu declínio aconteceu a partir do século XVIII, com a descoberta de ouro em Minas Gerais. Apesar disso, a cana-de-açúcar permanece, até hoje, como um dos principais cultivos agrícolas do Brasil, especialmente nas regiões Sudeste e Nordeste, onde se desenvolve em conjunto com a indústria sucroalcooleira. |
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O ouro, que era o objetivo inicial dos europeus na América, foi descoberto no Brasil somente no final do século XVII. A primeira evidência foi encontrada no estado de Minas Gerais, que atraiu um enorme contingente populacional para a região Sudeste do país. Com isso, a região Nordeste deixou de ser o centro econômico do Brasil, mantendo-se, ainda, como centro político. Muitas cidades se desenvolveram durante esse ciclo, além de ele ter contribuído para o maior povoamento do interior do território, com a exploração do ouro em estados como Goiás e Mato Grosso. Concomitantemente à economia aurífera, desenvolveu-se a agropecuária, voltada para o abastecimento dos centros urbanos. O fim do Ciclo do Ouro aconteceu na segunda metade do século XVIII, resultado da superexploração das minas e do seu esgotamento. |
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O Ciclo do Café teve início no século XIX, com a expansão da sua produção nas regiões próximas da cidade do Rio de Janeiro e também no Vale do Paraíba, em São Paulo. O grão começou a ganhar importância não somente no Brasil, mas sobretudo na Europa e na América do Norte, mais precisamente nos Estados Unidos. A Guerra de Secessão no país norte-americano foi um evento crucial para o boom da economia cafeeira no Brasil, visto que o país se tornou um dos maiores exportadores mundiais do produto. O Ciclo do Café foi importante principalmente para o desenvolvimento econômico da região Sudeste do Brasil, e o capital acumulado a partir dele foi responsável pelo desenvolvimento da infraestrutura territorial, como mediante a instalação das ferrovias, e também pelo surgimento da indústria em São Paulo. O declínio desse ciclo aconteceu no período da crise econômica de 1929, que marcou a queda drástica nas exportações. |
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Esse ciclo econômico se desenvolveu na região Norte do Brasil, onde é encontrada a seringueira. Dela é extraído o látex, matéria-prima da borracha. O Ciclo da Borracha aconteceu entre o final do século XIX e a primeira metade do século XIX, dividindo-se em duas fases diferentes fases. A primeira delas aconteceu em concomitância com a Segunda Revolução Industrial e com a crescente demanda internacional por borracha. Já a segunda fase aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial, que também ocasionou o aumento da procura pelo material. Assim como aconteceu durante o Ciclo do Café, o Ciclo da Borracha foi importante para o desenvolvimento econômico e territorial da região Norte do Brasil, como observado no estado do Amazonas, tendo sido marcado ainda pelo crescimento das áreas urbanizadas e pelo rápido progresso de cidades como Manaus, capital amazonense, e Belém, capital do estado do Pará. Com o desenvolvimento da seringueira em outras regiões do mundo, notadamente na Ásia, a produção brasileira entrou em declínio, marcando o fim do Ciclo da Borracha em meados do século XX. |
→ Industrialização do Brasil
A industrialização do Brasil é um processo que sucedeu em conjunto com o desenvolvimento dos ciclos econômicos anteriormente mencionados, tendo em vista que ela aconteceu através de diferentes fases. Seguindo um padrão que foi posteriormente identificado nos países emergentes, a industrialização brasileira foi classificada como tardia pelo fato de ter começado quase um século depois da Primeira Revolução Industrial, que data do século XVIII.
O início do século XIX no Brasil é descrito por Milton Santos e por Maria Laura Silveira como sendo a era do declínio do pacto colonial e da implementação de um capitalismo industrial no país, embora as primeiras indústrias fossem de pequeno porte e voltadas para a manufatura têxtil.
No final do século XIX, o país já possuía mais de 600 fábricas que empregavam cerca de 55 mil operários. Com a economia cafeeira e o acúmulo de capitais proporcionado pelas lavouras de café, o parque industrial do país se expandiu, embora fosse concentrado na região Sudeste, sobretudo no estado de São Paulo. Na década de 1920, as indústrias paulistas respondiam por um terço da produção desse setor no país.
O declínio da economia cafeeira a partir da década de 1930 resultou no redirecionamento de um maciço volume de capitais privados para a indústria e no desenvolvimento de uma política de substituição das importações do governo nacional, fomentando a abertura de novas unidades fabris no Brasil. Foi justamente nesse período que surgiram algumas das mais importantes empresas estatais brasileiras, como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a Vale do Rio Doce, que atualmente é uma empresa privada. Em 1954, surgiu a Petrobras, reforçando a importância da indústria de base e da extração mineral para a economia do país.

A atual fase da indústria brasileira se instalou a partir de 1956, com o ingresso de empresas estrangeiras no território nacional e com a implementação do setor automobilístico. O Estado continuou como um agente fundamental para a viabilização de projetos no país, embora o capital privado tenha ado a ganhar cada vez mais importância. A internacionalização da economia brasileira por meio da sua produção industrial começou nesse período e ganhou forças a partir da década de 1990, com a abertura econômica e com a adoção medidas neoliberais no país. Destaca-se, ainda, o processo de privatizações que aconteceu nesse ínterim, reforçando o maior peso do capital privado na economia.
→ Milagre econômico brasileiro
Ficou conhecido como “milagre econômico” o rápido crescimento da economia brasileira que aconteceu entre os anos de 1968 e 1973, durante os governos de Arthur da Costa e Silva e de Emílio Garrastazu Médici, em plena Ditadura Militar.
A economia brasileira chegou a crescer cerca de 14% ao ano durante esse período, ao mesmo tempo em que houve a ampliação e a modernização na rede de infraestrutura no país, com a construção de rodovias, de ferrovias, de usinas hidrelétricas e de complexos industriais, e o crescimento das exportações. Apesar da aparente melhora nos indicadores econômicos, a inflação subiu na mesma medida e chegou a 15%. A dívida externa também cresceu e ou de 3 para 12 bilhões de dólares. |3|
O milagre econômico foi feito, ainda, mediante a intensificação da exploração dos recursos naturais e do desmatamento, tendo em vista a abertura de áreas para a construção da rodovia Transamazônica. Outro ponto que deve ser ressaltado é o do aprofundamento das desigualdades socioeconômicas do Brasil registrado no período.
→ Década perdida
A economia brasileira adentrou em um período de profunda instabilidade durante a década de 1980, que ficou marcada pela inflação galopante. Como uma tentativa de estabilizar a economia e conter a inflação, que chegou ao final do período em mais de 1000%, foram elaborados diversos planos econômicos que visavam à valorização da moeda nacional, à diminuição da dívida externa e ao aumento do poder de compra da população. No entanto, nenhum deles conseguiu manter por muito tempo as medidas propostas, e o país se viu em um período de estagnação do crescimento econômico, de instabilidade monetária e de ampliação dos juros da dívida externa.
A situação se agravou com as crises do petróleo que aconteceram nesse mesmo período e que ajudaram a aprofundar a crise da economia brasileira. Por causa desses problemas, a década de 1980 é descrita por muitos economistas como a década perdida.
Planos econômicos do Brasil
Os planos econômicos do Brasil foram medidas elaboradas pelo governo com o objetivo de reestabelecer o equilíbrio da economia nacional em momentos de crise, como no caso de descontrole inflacionário ou de recuperação do câmbio em face da desvalorização da moeda nacional, que nem sempre foi o real. Considerando a história econômica mais recente do Brasil, destacamos os seguintes planos econômicos:
- Plano Cruzado I e Plano Cruzado II: implementados no ano de 1986, tinham o objetivo de conter o aumento exacerbado da inflação no período e de devolver o poder de compra à população. Uma das medidas foi a troca da moeda brasileira do cruzeiro (Cr$) para o cruzado (Cz$). Apesar de ter alcançado seu objetivo brevemente, não conseguiu manter a economia estável por muito tempo.
- Plano Bresser: implementado no ano de 1987, tinha o mesmo objetivo do plano anterior, que era o de controlar os índices inflacionários no Brasil, que aumentavam de maneira muito rápida. Houve o congelamento de preços, que também aconteceu no plano precedente, e a suspensão do ajuste de salários de acordo com a inflação. Esse plano não conseguiu estabilizar a economia do Brasil.
- Plano Verão: implementado no ano de 1989, alterou mais uma vez a moeda nacional. O cruzado (Cz$) deu lugar ao cruzado-novo (NCz$) em uma nova tentativa de conter a inflação, mas sem sucesso.
- Plano Collor: chamado Plano Brasil Novo, esse plano econômico foi implementado no ano de 1990, com uma segunda edição no ano seguinte, em 1991. Uma de suas principais medidas foi a adoção de uma taxa de câmbio flexível, vigente até hoje, junto do congelamento de preços e de salários. Não houve a contenção da inflação por muito tempo. Na verdade, o país vivenciou uma profunda crise econômica e política, culminando no impeachment do então presidente Fernando Collor de Melo em 1992.
- Plano Real: implementado no ano de 1994, esse foi o plano econômico responsável pelo restabelecimento do equilíbrio econômico no Brasil. Uma de suas principais medidas foi a adoção do real (R$) como a moeda nacional brasileira, a qual permanece até o presente.
e também: Quais foram todas as moedas que o Brasil já teve?
Ranking da economia do Brasil
O ranking da economia do Brasil pode ser organizado a partir do Produto Interno Bruto (PIB) de cada unidade federativa que compõe o território nacional, conforme mostra a tabela a seguir com informações do IBGE:
Posição |
Unidade Federativa |
PIB |
1º |
São Paulo |
R$ 2.377.639.000.000 |
2º |
Rio de Janeiro |
R$ 753.824.000.000 |
3º |
Minas Gerais |
R$ 682.786.000.000 |
4º |
Paraná |
R$ 487.931.000.000 |
5º |
Rio Grande do Sul |
R$ 470.942.000.000 |
6º |
Santa Catarina |
R$ 349.275.000.000 |
7º |
Bahia |
R$ 305.321.000.000 |
8º |
Distrito Federal |
R$ 265.847.000.000 |
9º |
Goiás |
R$ 224.126.000.000 |
10º |
Pará |
R$ 215.936.000.000 |
11º |
Pernambuco |
R$ 193.307.000.000 |
12º |
Mato Grosso |
R$ 178.650.000.000 |
13º |
Ceará |
R$ 166.915.000.000 |
14º |
Espírito Santo |
R$ 138.446.000.000 |
15º |
Mato Grosso do Sul |
R$ 122.628.000.000 |
16º |
Amazonas |
R$ 116.019.000.000 |
17º |
Maranhão |
R$ 106.916.000.000 |
18º |
Rio Grande do Norte |
R$ 71.577.000.000 |
19º |
Paraíba |
R$ 70.292.000.000 |
20º |
Alagoas |
R$ 63.202.000.000 |
21º |
Piauí |
R$ 56.391.000.000 |
22º |
Rondônia |
R$ 51.599.000.000 |
23º |
Sergipe |
R$ 45.410.000.000 |
24º |
Tocantins |
R$ 43.650.000.000 |
25º |
Amapá |
R$ 18.469.000.000 |
26º |
Acre |
R$ 16.476.000.000 |
27º |
Roraima |
R$ 16.024.000.000 |
Exercícios resolvidos sobre economia do Brasil
Questão 1
(Famerp)
Commodities são produtos padronizados, geralmente produzidos em larga escala, que podem ser intercambiados no mercado global com base em sua qualidade e características uniformes. No contexto comercial, as commodities frequentemente incluem produtos agrícolas, minerais e energéticos.
(www.fazcomex.com.br. Adaptado.)
Para o PIB brasileiro, as commodities são:
A) insignificantes, uma vez que a exportação de produtos industrializados garante o superávit econômico.
B) relevantes, uma vez que são produtos com alto valor agregado relacionados com os setores de alta tecnologia.
C) expressivas, uma vez que são impulsionadas por investimentos nos setores de infraestrutura e serviços.
D) importantes, uma vez que as exportações desses produtos influenciam positivamente a balança comercial.
E) inexpressivas, uma vez que a principal fonte de crescimento econômico do país está atrelada ao setor de serviços.
Resolução:
Alternativa D.
As commodities lideram as exportações brasileiras e são as responsáveis pela manutenção da balança comercial positiva, motivo pelo qual são importantes para a composição do PIB do país.
Questão 2
(Unifae)
Apesar do impressionante avanço industrial [brasileiro] no curso de três décadas, a longa recessão da indústria e da economia como um todo, a partir dos anos 80, deu lugar mais a interrogações e ao pessimismo do que ao otimismo do ado. O quadro recessivo resultou, entre outros fatores, da conjuntura internacional, da crise do Estado e das políticas governamentais, aliás fracassadas, com o objetivo de combater a inflação.
(Boris Fausto. História do Brasil, 2007.)
Dentre os fatores que compõem a “conjuntura internacional” e a “crise interna” a que o historiador se refere, podem ser relacionados à recessão brasileira:
A) a crise do capitalismo mundial, a suspensão do pagamento da dívida externa e a política de crescimento acelerado.
B) a desintegração do bloco socialista, a queda das importações brasileiras e as dificuldades em conter o aumento dos preços.
C) os choques do petróleo, o endividamento externo herdado do período militar e a aceleração inflacionária.
D) as disputas entre as superpotências pela hegemonia mundial, a luta pela redemocratização do nosso país e o descontrole inflacionário.
E) a difusão da política liberal em vários países, a dívida interna e externa do nosso país e o aumento real de salários.
Resolução:
Alternativa C.
A recessão citada por Boris Fausto no excerto acima foi o resultado da ampliação da dívida externa brasileira durante a Ditadura Militar, das crises do petróleo que marcaram o fim do século XX e do aumento sem precedentes da inflação.
Notas
|1| Cálculo feito a partir dos dados do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/comercio/9300-contas-nacionais-trimestrais.html.
|2| IBGE. de Indicadores. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/indicadores.
|3| TRAMARIM, Eduardo. O "milagre econômico brasileiro". Rádio Câmara, 21 jan. 2007. Disponível em: https://www.camara.leg.br/radio/programas/279588-o-milagre-economico-brasileiro/.
Crédito de imagem
Fontes
CAMPOS, Ana Cristina. Indústria de alimentos é a que mais emprega no Brasil, diz IBGE. Agência Brasil, 27 jun. 2024. Disponível em: https://brasilescola-uol-br.esdiario.info/economia/noticia/2024-06/industria-de-alimentos-e-que-mais-emprega-no-brasil-constata-o-ibge
CNI – Perfil da Indústria Brasileira. Disponível em: https://industriabrasileira.portaldaindustria.com.br/#/industria-total.
Comex Stat. Disponível em: https://comexstat.mdic.gov.br/pt/home.
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Disponível em: https://www.gov.br/conab/pt-br.
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. São Paulo, SP: Companhia Editora Nacional, 2003. 32 ed.
IBGE. Produto Interno Bruto – PIB. IBGE, [s.d.]. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/explica/pib.php.
LUCCI, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado, 2: ensino médio. São Paulo, SP: Saraiva, 2016. 3 ed. 289p.
MOREIRA, Igor. O Espaço Geográfico: Geografia Geral e do Brasil. São Paulo, SP: Editora Ática, 2004. 47ª edição, 3ª reimp. 455p.
NUNES, Júlia. PIB do Brasil cresce 1,4% no 1º trimestre de 2025, diz IBGE. G1, 30 mai. 2025. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/05/30/pib-do-brasil-cresce-14percent-no-1o-trimestre-de-2025-diz-ibge.ghtml.
REDAÇÃO. Planos econômicos fracassaram em derrotar a superinflação até a chegada do Real. Banco Central do Brasil, 28 jun. 2019. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/detalhenoticia/355/noticia.
SANTOS, Milton; SILVEIRA, María Laura. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro, RJ: Record, 2006. 9 ed. 473p.
SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL. Governo Federal eleva para 2,4% a projeção de crescimento do PIB de 2025. Secretaria de Comunicação Social, 22 mai. 2025. Disponível em: https://www.gov.br/secom/pt-br/assuntos/noticias/2025/05/governo-federal-eleva-para-2-4-a-projecao-de-crescimento-do-pib-de-2025.